9 de outubro de 2010

Eu, por definição

Por que eu tenho que definir quem eu sou? Ainda mais no mundo cibernético, que todo mundo é de mentirinha?! Explico: fiz meu twitter e este blog - no mesmo dia em que me disseram pra decidir minha vida, e me revoltei com essa de "definir". 

Numa sociedade tão transitória quanto a nossa, por que EU TENHO que ser estática?
Não basta o que eu digo que faço, meus interesses em jornalismo, fotografia, música, cinema e sexo; e a foto do meu sorriso?
Não. Eu tenho que dizer
exatamente quem sou.

Pois estou é com raiva de me perguntarem isso, porque tenho me feito essa pergunta nos últimos quatro meses, antes dos quais eu agia tão racionalmente quanto pudesse ser. Agora, diante da pergunta que chega a ser cruel, debochando de mim sem piedade, eu me sinto assim: ofendida, e, pior, desesperada. Mas não quero uma luz para decidir eu mesma minha vida – quero uma resposta pronta, como quando a gente pergunta à mãe como faz aquele bolo de fanta-laranja e ela dá uma receitinha escrita à mão num papel já velhinho, que vovó lhe passou. E, olha... Preciso dela com urgência, antes que eu seja internada no manicômio mais próximo.

Devo estar com raiva também de admitir tudo isso que fere meu ego de mulher onipotente-onisciente, comedora de menininhos indefesos, mulher-alfa. Porque eu aprendi desde de criança que o homem é igual à mulher, que devo lutar contra qualquer preconceito, que eu seria covarde caso deixasse passarem tais coisas diante de mim e me omitisse.

Daí veio a adolescência, aquela bosta de fase que a pessoa tem que viver, e anos turbulentos se passaram, com muita bebida e muito sexo descompromissado, com pensamentos e ações erradas sobre o que eu deveria fazer, com algumas companhias que não faziam outra coisa senão me empurrar lama adentro.

Cresci, continuei pensando que podia pegar os homens pra mim como se fossem bonecos de cera moldados a meu gosto. E eu consegui fazê-lo, sem peso de consciência, sem maiores complicações, sem também que ninguém soubesse (essa era a melhor parte, me sentir a vilã da novela das oito), até que veio um menininho nada indefeso e me fez perceber o outro lado de tudo isso. O lado que me trouxe a sensação de leveza na alma.

E, por isso, cá estou, pensando com meus pobres botões rachados, quem diabos eu sou hoje. O que espero é sabê-lo rápido, sem mais vírgulas e
mas-porém-contudo-todavia – quero o ponto final!